Excesso de suplementação de vitaminas pode trazer riscos à saúde

O uso excessivo de suplementos vitamínicos pode causar hipervitaminose e danos ao fígado, rins e coração. Saiba os riscos e quando a suplementação é realmente necessária.

SAÚDE

eu mesmo

8/17/20255 min read

a bottle of gummy vitamins sitting on top of a wooden table
a bottle of gummy vitamins sitting on top of a wooden table

O que são vitaminas e qual a sua importância

As vitaminas são compostos orgânicos essenciais que desempenham um papel crucial no funcionamento do organismo humano. Estas substâncias são classificadas em duas categorias principais: lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis, que incluem as vitaminas A, D, E e K, são armazenadas no tecido adiposo e no fígado, enquanto as vitaminas hidrossolúveis, como a vitamina C e as do complexo B, não são armazenadas em quantidades significativas e precisam ser consumidas regularmente para manter níveis adequados no corpo.

As vitaminas são vitais para uma série de processos metabólicos fundamentais. Por exemplo, a vitamina C, conhecida por suas propriedades antioxidantes, desempenha um papel significativo no fortalecimento do sistema imunológico, ajudando a proteger o organismo contra infecções e doenças. Além disso, esta vitamina é essencial na síntese de colágeno, que é importante para a saúde da pele, tendões e vasos sanguíneos.

As vitaminas do complexo B, como B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B6 (piridoxina), B9 (ácido fólico) e B12 (cobalamina), são fundamentais no metabolismo energético. Elas ajudam na conversão de carboidratos, proteínas e gorduras em energia, contribuindo para o bom funcionamento do sistema nervoso e para a produção de células sanguíneas. A deficiência dessas vitaminas pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo fadiga, anemia e distúrbios neurológicos.

É importante destacar que a melhor forma de obter vitaminas é através de uma alimentação balanceada e variada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. Embora a suplementação possa ser necessária em algumas situações específicas, ela não deve substituir uma dieta adequada. Assim, um conhecimento sólido sobre a função e a importância das vitaminas é essencial para promover uma boa saúde geral.

Nos últimos anos, o consumo de suplementos vitamínicos cresceu de forma significativa no Brasil e no mundo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD, 2023), cerca de 59% dos brasileiros afirmam consumir suplementos regularmente, sendo as vitaminas e minerais os mais procurados.

Esse aumento está ligado à busca por mais saúde, energia e imunidade. No entanto, o uso indiscriminado e sem orientação médica pode trazer consequências sérias, levando a uma condição conhecida como hipervitaminose — quando há excesso de vitaminas no organismo.

O que é a hipervitaminose?

A hipervitaminose ocorre quando o corpo acumula quantidades acima do recomendado de certas vitaminas, principalmente as lipossolúveis (A, D, E e K). Diferente das vitaminas hidrossolúveis (como C e complexo B), que são eliminadas pela urina, as lipossolúveis ficam armazenadas no fígado e nos tecidos adiposos, aumentando o risco de intoxicação.

De acordo com um estudo publicado no Journal of Clinical Medicine (2021), os casos de intoxicação por vitamina D, por exemplo, vêm crescendo devido ao uso excessivo do suplemento sem prescrição médica.

Riscos do excesso de vitaminas

Embora as vitaminas sejam fundamentais para o bom funcionamento do organismo, o excesso pode trazer riscos sérios.

  • Vitamina A: em excesso pode causar hepatotoxicidade (danos ao fígado), aumento da pressão intracraniana, ressecamento da pele e tontura.

  • Vitamina D: níveis muito altos podem levar à hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue), afetando rins e coração.

  • Vitamina E: em doses elevadas pode aumentar o risco de sangramentos, já que interfere na coagulação sanguínea.

  • Vitamina C e complexo B: apesar de serem eliminadas mais facilmente, em quantidades muito altas podem causar náusea, diarreia, irritabilidade e cálculos renais.

Segundo a endocrinologista e nutróloga Thais Mussi, em entrevista à CNN Brasil (2025), os primeiros sinais de excesso de suplementação podem incluir fadiga, náusea, dores de cabeça, irritabilidade e distúrbios digestivos.

É possível ter hipervitaminose apenas pela alimentação?

Na maioria dos casos, não. Uma dieta equilibrada dificilmente leva à intoxicação por vitaminas, pois o corpo regula a absorção de nutrientes obtidos por alimentos.

No entanto, existem exceções. O consumo exagerado de fígado (rico em vitamina A) ou de óleos ricos em vitamina D pode, em casos raros, causar excesso.

Isso reforça que o risco real está no uso inadequado de suplementos, principalmente quando as pessoas acreditam que “mais é sempre melhor”.

O papel da suplementação

A suplementação tem sim seu valor quando há deficiências comprovadas por exames. Exemplos comuns:

  • Vitamina D: em pessoas com baixa exposição solar.

  • Vitamina B12: em vegetarianos e veganos.

  • Ferro: em casos de anemia diagnosticada.

  • Ácido fólico: em gestantes, para prevenção de malformações no bebê.

Um estudo da World Health Organization (2022) aponta que a suplementação correta pode prevenir doenças, melhorar a imunidade e garantir qualidade de vida. Mas, para isso, precisa ser personalizada e acompanhada por médico ou nutricionista.

Automedicação: um risco crescente

De acordo com o IBGE (2022), mais de 60% dos brasileiros que usam suplementos não tiveram recomendação profissional. Isso aumenta não só os riscos à saúde, mas também os gastos desnecessários, já que muitas vezes o corpo não precisa daquela vitamina em excesso.

Além disso, algumas vitaminas competem entre si na absorção. Por exemplo: altas doses de zinco podem atrapalhar a absorção de cobre. Esse desequilíbrio gera novos problemas, mostrando que o “uso por conta própria” pode sair caro.

Como usar suplementos com segurança?

  1. Procure orientação médica ou nutricional antes de iniciar qualquer suplemento.

  2. Faça exames laboratoriais para identificar deficiências reais.

  3. Não ultrapasse a dose diária recomendada (DRI).

  4. Prefira alimentação natural e variada como fonte principal de nutrientes.

  5. Em caso de sintomas estranhos (náusea, fraqueza, dor abdominal), suspenda o uso e procure atendimento médico.

O que priorizar na alimentação

A melhor forma de obter vitaminas e minerais é através de uma dieta equilibrada. Inclua:

  • Frutas e verduras variadas → ricas em vitaminas C, A, E e fibras.

  • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) → fonte de ferro, magnésio e complexo B.

  • Oleaginosas e sementes → ricas em vitamina E, zinco e selênio.

  • Peixes e ovos → fontes de vitamina D e ômega-3.

De acordo com a Harvard T.H. Chan School of Public Health (2023), uma alimentação colorida, variada e rica em alimentos in natura fornece quase todos os nutrientes necessários para a maioria das pessoas.

Conclusão

O excesso de suplementação vitamínica pode causar mais prejuízos do que benefícios. Embora as vitaminas sejam essenciais, o equilíbrio é a chave para a saúde.

Suplementar sem necessidade comprovada não só aumenta o risco de hipervitaminose, mas também gera gastos desnecessários e até complicações graves para órgãos vitais.

👉 Sempre consulte um profissional de saúde antes de usar suplementos.
👉 Lembre-se: a base da saúde está em uma boa alimentação, sono de qualidade, prática de exercícios e equilíbrio emocional.