Obesidade é uma doença? Entenda os riscos, estigmas e a polêmica do vídeo “1 treinador vs 30 gordos”

Descubra por que a obesidade é considerada uma doença pela OMS, seus riscos para a saúde e os impactos sociais. Analisamos também o vídeo “1 treinador vs 30 gordos” e o que ele revela sobre preconceito e motivação.

SAÚDE

eu mesmo

9/1/20254 min read

a man holding his stomach with his hands
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Entenda os impactos, desafios e reflexões sobre o vídeo “1 TREINADOR VS 30 GORDOS | FT. GUTO GALAMBA”

A obesidade é um dos temas mais discutidos atualmente quando falamos em saúde pública, qualidade de vida e bem-estar. Mas afinal, a obesidade deve ser considerada uma doença ou apenas um “estado físico” resultado de escolhas individuais?

Essa é uma dúvida comum e que gera debates intensos, especialmente com a popularização de conteúdos na internet, como o vídeo “1 TREINADOR VS 30 GORDOS | FT. GUTO GALAMBA”, que levantou reflexões sobre preconceito, saúde, estética e comportamento alimentar.

Neste artigo, vamos mergulhar profundamente no tema: entender o que é a obesidade, por que ela é classificada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seus impactos físicos e psicológicos, os mitos mais comuns e ainda analisar o vídeo polêmico, trazendo um olhar crítico e construtivo.

O que é obesidade?

A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal que pode trazer riscos significativos à saúde.

O índice mais utilizado para diagnosticar a obesidade é o IMC (Índice de Massa Corporal):

  • IMC entre 25 e 29,9: Sobrepeso

  • IMC entre 30 e 34,9: Obesidade Grau I

  • IMC entre 35 e 39,9: Obesidade Grau II

  • IMC acima de 40: Obesidade Grau III (mórbida)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas no mundo já vivem com obesidade, incluindo crianças e adolescentes. No Brasil, os números também preocupam: mais de 57% da população adulta está acima do peso, e cerca de 20% já é considerada obesa, de acordo com dados do Ministério da Saúde (Vigitel 2023).

A obesidade é uma doença?

A resposta curta é: sim.

Desde 1997, a OMS reconhece a obesidade como uma doença crônica multifatorial. Isso significa que ela não depende apenas de escolhas pessoais, mas é resultado da interação de diversos fatores:

  • Genéticos (predisposição familiar);

  • Metabólicos (alterações hormonais e resistência à insulina);

  • Comportamentais (hábitos alimentares e sedentarismo);

  • Psicológicos (ansiedade, compulsão alimentar, estresse);

  • Sociais e ambientais (acesso a alimentos ultraprocessados, vida urbana acelerada).

Chamar a obesidade de “doença” não significa reduzir o indivíduo a um diagnóstico, mas reconhecer que ela exige acompanhamento médico e multidisciplinar para ser tratada, assim como hipertensão, diabetes ou depressão.

Quais os riscos da obesidade?

A obesidade está relacionada a diversas complicações:

  • Doenças cardiovasculares (infarto, hipertensão, AVC);

  • Diabetes tipo 2;

  • Apneia do sono;

  • Problemas articulares (joelhos, coluna, quadril);

  • Certos tipos de câncer (mama, cólon, fígado, rim);

  • Alterações hormonais;

  • Impacto na saúde mental (depressão, ansiedade, baixa autoestima).

Segundo estudo publicado no The Lancet (2022), a obesidade pode reduzir a expectativa de vida em até 10 anos.

Estigma social: obesidade além da saúde

Um ponto crucial no debate é que, além dos problemas físicos, a obesidade traz forte estigma social. Pessoas gordas frequentemente enfrentam:

  • Discriminação em ambientes de trabalho;

  • Julgamentos em serviços de saúde;

  • Dificuldades em relacionamentos;

  • Violência verbal e bullying desde a infância.

Esse preconceito gera ciclo de exclusão e sofrimento psicológico, o que pode inclusive agravar a compulsão alimentar e dificultar o tratamento.

O vídeo “1 TREINADOR VS 30 GORDOS | FT. GUTO GALAMBA”: análise crítica

O vídeo viral trouxe um treinador interagindo com um grupo de pessoas gordas, discutindo saúde, esforço físico e preconceito. Ele dividiu opiniões: alguns viram motivação e incentivo, outros consideraram o conteúdo gordofóbico e reducionista.

Pontos positivos do vídeo:

  • Coloca a obesidade em debate de forma popular, atraindo a atenção para o tema.

  • Destaca a importância de exercícios físicos e hábitos saudáveis.

  • Dá visibilidade a pessoas gordas em um espaço de fala coletiva.

Pontos problemáticos:

  • O tom pode ser interpretado como confrontativo, reforçando estereótipos.

  • A obesidade é tratada muitas vezes apenas como questão de força de vontade, ignorando fatores médicos, genéticos e psicológicos.

  • Pode aumentar o sentimento de culpa e vergonha, em vez de incentivar mudanças saudáveis.

O grande desafio é equilibrar a motivação com respeito, evitando transformar um tema de saúde pública em entretenimento às custas do sofrimento alheio.

Exercícios físicos no tratamento da obesidade

O vídeo acerta em um ponto: a prática regular de exercícios físicos é fundamental no tratamento da obesidade.

  • Exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, bicicleta): ajudam na queima de calorias.

  • Treinamento de força (musculação): aumenta a massa muscular e acelera o metabolismo.

  • Atividades funcionais: melhoram mobilidade e disposição.

  • Práticas de baixo impacto (natação, hidroginástica, pilates): ótimas para iniciantes com excesso de peso.

O ideal é iniciar com orientação profissional, respeitando os limites do corpo e evitando lesões.

O papel da alimentação

Nenhum treino funciona sozinho. A base do tratamento da obesidade está na alimentação balanceada:

  • Reduzir o consumo de ultraprocessados, açúcares e gorduras saturadas;

  • Priorizar proteínas magras, fibras, frutas, verduras e grãos integrais;

  • Controlar as porções;

  • Aprender a lidar com a fome emocional.

Um nutricionista é essencial nesse processo, já que dietas radicais costumam falhar no longo prazo.

Saúde mental e obesidade

Outro aspecto muitas vezes negligenciado é a saúde mental. Estudos apontam forte ligação entre obesidade e depressão.

Tratamentos eficazes envolvem:

  • Psicoterapia para lidar com compulsão alimentar e autoestima;

  • Terapias em grupo;

  • Estratégias de mindful eating (alimentação consciente).

Caminhos para combater a obesidade

A obesidade não tem cura definitiva, mas pode ser controlada e revertida. As estratégias incluem:

  1. Acompanhamento médico multidisciplinar (endocrinologista, nutricionista, psicólogo, educador físico).

  2. Mudanças de hábitos graduais e sustentáveis.

  3. Uso de medicamentos em casos selecionados, sob prescrição.

  4. Cirurgia bariátrica, em situações graves e refratárias.

Conclusão

A obesidade é sim uma doença crônica, mas não deve ser encarada como um rótulo ou sentença. Cada pessoa tem sua história, desafios e barreiras. O vídeo “1 TREINADOR VS 30 GORDOS” abre espaço para o debate, mas também mostra como é fácil cair em simplificações e julgamentos.

Mais do que culpar, precisamos educar, apoiar e oferecer recursos reais para que as pessoas possam melhorar sua saúde sem perder a dignidade.

A luta contra a obesidade não deve ser contra os indivíduos, mas contra os estigmas, ambientes obesogênicos e a desinformação.